18/02/201307h00
Mau hálito é um daqueles assuntos constrangedores que dificilmente vem à tona. Mas, para quem apresenta o distúrbio, o ideal é encará-lo de frente, pois na grande maioria dos casos é possível resolvê-lo com medidas simples.
"A higienização correta pode ser muito eficiente porque em mais de 80% das ocorrências o problema se origina na boca, e não no estômago", afirma Hugo Roberto Lewgoy, mestre e doutor pela Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (FOUSP), professor titular de Clínica Integrada de Atenção Básica e Biomateriais da Uniban.
Segundo o especialista, é normal ter mau hálito durante algumas horas do dia, porém não permanentemente. Quer dizer, tem que saber diferenciar a halitose fisiológica da patológica. A primeira se caracteriza por aquele cheirinho desagradável que quase todos os mortais apresentam quando acordam, relacionado ao metabolismo do corpo humano: ocorre em decorrência de uma leve hipoglicemia noturna (redução da taxa de açúcar) provocada pelo menor fluxo salivar durante o sono, aliada ao aumento da flora bacteriana.
AmpliarConheça alguns mitos e verdades sobre o mau hálito18 fotos18 / 18
O mau hálito pode provocar muitos problemas emocionais. VERDADE: a simples presença de mau hálito, apesar de não ter grandes repercussões clínicas para o indivíduo, pode provocar prejuízos emocionais. Os mais comumente relatados são insegurança ao se aproximar das pessoas, depressão, dificuldade em estabelecer relações amorosas, esfriamento do relacionamento entre o casal, resistência ao sorriso e à gargalhada, ansiedade, baixo desempenho profissional e debilidade da autoestima. O dentista Maurício Duarte conta que mais de 60% dos pacientes que buscam tratamento em sua clínica têm alterações severas de comportamento, com prejuízos para a vida social, profissional e afetiva. "Quanto mais tempo a pessoa sofre com o mal sem encontrar uma solução definitiva, mais estes problemas se agravam. O ideal é que o tratamento contemple a resolução da halitose em si e também a segurança, para que se recupere espontaneidade e naturalidade ao falar, autoconfiança e qualidade de vida" Thinkstock
Limpeza correta é fundamental
Tal desconforto, no entanto, tende a desaparecer após a primeira refeição, seguida da limpeza dos dentes, das gengivas (com escovas interdental e dental convencional) e da língua (realizada com raspadores ou higienizadores linguais).
"Também é importante não fazer jejum prolongado", completa Maurício Duarte da Conceição, pós-graduado em halitose pela Faculdade de Odontologia São Leopoldo Mandic, membro fundador e ex-presidente da Associação Brasileira de Halitose.
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Quem avisa, amigo é
A melhor forma de uma pessoa saber se tem mau hálito é perguntando a alguém íntimo. Um parente próximo ou um amigo verdadeiro podem ajudar, revelando o transtorno para quem o tem. "Mas é bom procurar alguém sério e de confiança, que não dará conotação pejorativa à pergunta", aconselha Hugo Lewgoy. "Vale perguntar para um confidente em diferentes horários ao longo do dia", completa Maurício Duarte da Conceição.
Para aqueles que querem alertar, mas se sentem constrangidos, há uma alternativa. Quando se entra no site da Associação Brasileira de Halitose, logo uma caixa se abre perguntando: "Quer ajudar um amigo (a) que tem o hálito alterado?".
O programa, chamado SOS Mau Hálito, pretende alertar as pessoas sobre o distúrbio. Ao clicar na janela, você escolhe a forma de avisar ao amigo – por carta ou e-mail –, mantendo seu nome em sigilo